Desvendando os Enigmas da Disfunção Temporomandibular (DTM) e Dor Orofacial

Dor orofacial é toda dor associada aos tecidos moles e mineralizados (pele, vasos sanguíneos, ossos, dentes, glândulas e músculos) da cavidade oral e da face. Pode estar associada com patologias ou distúrbios relacionados a estruturas intracranianas e extracranianas ( incluindo aneurisma, DTM, distúrbios cervicais, entre outros) e distúrbios dolorosos neurovasculares, neuropáticos e psicogênicos (enxaquecas e suas variações, neuralgias, síndromes psicóticas, distúrbios de comportamento , distúrbios de ansiedade, entre outros).


A dor orofacial apresenta alta prevalência na população, por isso é de fundamental importância um acompanhamento multidisciplinar e a participação do cirurgião dentista é primordial na prática de um processo diagnóstico adequado.

Segundo o primeiro consenso em DTM e Dor Orofacial (2010) a causa mais frequente foi de origem odontogênica (12,2%) seguida pela DTM (5,3%).

Distúrbios temporomandibulares (DTM) envolvem diversos problemas clínicos relativos aos músculos da mastigação, à ATM e às estruturas associadas. Esses distúrbios têm sido identificados como a causa principal da dor não dental na região orofacial e são considerados como uma subclassificação dos distúrbios músculos esqueléticos, segundo as Diretrizes da American Academy of Orofacial Pain (AAOP).

O sintoma mais frequente é a dor, geralmente localizada nos músculos mastigatórios, área pré e/ou pós auricular e ATM. A dor agrava-se pela mastigação ou outra função do sistema estomatognático, além disso os pacientes frequentemente têm movimento mandibular assimétrico, limitação de abertura e ruídos articulares que são descritos pelos pacientes como “raspado” ou “Estalo”, mas podemos definir como click ou crepitação. Outros sintomas são dores de cabeça e na orelha, zumbido e vertigem.

Queixa muito comum dos pacientes incluem dor maxilar, dor de ouvido, dor de cabeça e dor orofacial. A hipertrofia indolor dos músculos mastigatórios e desgaste oclusal anormal relacionados a parafunções como bruxismo podem ser problemas associados.

Quanto aos sinais, encontram-se primariamente a sensibilidade muscular e da ATM à palpação, limitação e/ ou incoordenação de movimentos mandibulares e ruídos articulares.

A anamnese é o passo mais importante na formulação da impressão diagnóstica inicial. No questionário de avaliação é importante a inclusão de algumas perguntas ligadas aos sinais e sintomas da DTM.



Estudos recentes concluem que a DTM tem origem multifatorial, que incluem trauma (direto, indireto ou micro traumas por hábitos parafuncionais como bruxismo, apertamento dentário, etc.); fatores psicossociais (ansiedade, depressão, etc.) e fatores fisiopatológicos - Sistêmicos (doenças degenerativas, infecciosas, endócrinas, neoplásicas, neurológicas, vasculares e reumatológicas). Locais (alterações na viscosidade do líquido sinovial, aumento da pressão intraarticular, etc.) e genéticos.

Os objetivos do tratamento para pacientes com DTM é redução ou eliminação da dor, redução das cargas adversas, restaurar a função e restaurar as atividades diárias normais. Esse objetivos são bem alcançados por um programa bem definido para tratar distúrbios físicos e/ou fisiológicos e a diminuir a ação ou remover todos os fatores contributivos. Educação do paciente, auto manejo, intervenção comportamental, utilização de fármacos, placas interoclusais, terapias físicas, treinamento postural e exercícios compõem a lista de opções aplicáveis a quase todos os casos de DTM. E em relação às cirurgias de ATM são necessárias em alguns poucos casos específicos, tais como anquilose, fraturas e determinados distúrbios congênitos ou de desenvolvimento.

Por fim, a importância de um trabalho conjunto de uma equipe multidisciplinar torna-se mais efetivo o tratamento, por meio da interação e colaboração entre os profissionais envolvidos e o paciente aumentando o potencial de sucesso.

Dr Luciano Burrini/ Ortodontista


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