Radiografias em Ortodontia: Dever de vigilância

A ortodontia contemporânea tem por objetivo proporcionar normalidade à oclusão e melhora da estética dentária e facial. Visando como resultado ideal, alcançar a melhor função com estabilidade dos resultados além de apresentar tecidos periodontais saudáveis após o tratamento ortodôntico.

Os exames complementares na odontologia como radiografias, tomografias são essenciais no exercício profissional, por permitirem a visualização de estruturas ósseas e dentárias bem como suas alterações, portanto são necessários para o diagnóstico e elaboração do plano de tratamento.

Visto que o tratamento ortodôntico produz reações indesejáveis na estrutura radicular e no periodonto de sustentação, onde a regeneração não ocorre, o conhecimento, por parte do ortodontista, de fatores que levam a este dano tecidual é indispensável para o sucesso do tratamento ortodôntico.

Classificação do grau de reabsorção, segundo Levander e Malmgren (1988).
         Fonte: Consolaro (2005, p. 372).

Na ortodontia, de tempos em tempos, de acordo com a necessidade individual, os exames radiográficos são imprescindíveis para o acompanhamento do tratamento no que diz respeito às estruturas que não podem ser visualizadas clinicamente. Elas fazem parte do protocolo de tratamento e não podem ser negligenciadas, definindo um conjunto de procedimentos que possa orientar o profissional para uma conduta preventiva.

Alguns fatores podem influenciar a reabsorção radicular. Os fatores gerais como: sexo, idade e estado de saúde dos pacientes. Os fatores locais como: tipo de má oclusão, hábitos bucais deletérios (sucção de dedo, interposição de língua, roer unhas, etc), trauma prévio, estágio de desenvolvimento radicular, forma radicular e estado de saúde bucal. E os fatores mecânicos como magnitude da força ortodôntica; intervalo de aplicação da força; tipo de força e duração da força. 

Estudos sobre essas variáveis mostraram níveis de reabsorção variados, portanto estas alterações estariam fora do controle do profissional, isto porque as causas são muitas, conhecidas e independentes.


Nesta perspectiva a adoção de procedimentos preventivos é obrigatória, na qual uma anamnese detalhada deve ser processada; documentação ortodôntica completa acrescida de radiografias periapicais tendo como protocolo a cada 6 meses de tratamento ortodôntico a solicitação de novas radiografias para acompanhamento das estruturas. Como todo paciente é de risco e toda mecânica é capaz de desencadear reabsorção radicular o controle radiográfico é imprescindível como método diagnóstico preventivo. A possibilidade de um conjunto de atitudes, uma vez adotada, pode identifica-la precocemente e evitar, na maioria dos casos danos significativos.

A informação da necessidade do exame radiográfico, a ser realizado pelo paciente, deve constar no termo de concordância, antes do início do tratamento, cabendo ao profissional fazer a sua solicitação por escrito (arquivando cópia) na época devida. Desse modo, torna-se obrigação do paciente a realização do exame solicitado e o seu não cumprimento motivo suficiente para recusa da continuidade do tratamento por parte do profissional (Código de Ética odontológico- Cap.II DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS- Art. 3., V).

O dever do profissional é informar ao paciente da necessidade concreta do exame radiográfico, sob pena dos riscos informados se efetivarem por falta de intervenção oportuna e necessária no sentido de evita-los. E, se assim mesmo, houver resistência em atender à solicitação e demonstração de que deseja a continuidade do tratamento, resta ao profissional colocar a termo todos os fatos (principalmente o motivo que levou o paciente a decidir pela não realização do exame, que deve, no entendimento do profissional, ser fato relevante para que possa ser respeitado) e todas informações sobre os riscos de dano e colher a assinatura do paciente.

Para finalizarmos, concluímos acima do exposto que a anamnese inicial é fundamental nas identificações de danos estruturais prévios ao tratamento ortodôntico sendo necessário um protocolo clínico individual de acordo com os fatores de risco. Com o diagnóstico radiográfico precoce pode-se identificar, com antecedência, o paciente que apresenta risco de desenvolver reabsorção radicular no final do tratamento ortodôntico. Uma vez reconhecido estes pacientes, os objetivos e procedimentos do tratamento podem ser revistos e individualizados, tentando minimizar ao máximo a ocorrência de danos maiores.

Condutas Preventivas em casos de Reabsorções Extremas:

  1. Evite apreender alimentos apenas com os dentes
  2.  Dormir com placas oclusais estabilizadoras
  3.  Oclusão deve estar mutuamente protegida
  4.  Ao praticar esportes, use protetores bucais e dentários
  5.  Vícios parafuncionais eliminá-los
  6.  Tratamento endodôntico não resolve e nem influencia
  7.  Higiene bucal adequada. Doença periodontal nem pensar
  8.  Mobilidade não é sinal ou consequência de reabsorção. Se houver será por: Efeito de forças ortodônticas ativas e residuais
  9. Verifique a contenção
  10. Trauma oclusal sobreposto
  11. Perda óssea cervical de natureza iatrogênica ortodôntica
  12. Perda óssea exuberante associada a doença periodontal

Dr Luciano Burrini/ Ortodontista


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