Fissuras Labiopalatinas: Protocolo de Tratamento Ortodôntico e Critérios dessa deficiência segundo o grau e tipo de comprometimento

Foto: Ucho.info

Reconhecidas como um relevante problema de saúde pública pela Organização Mundial de saúde, as fissuras labiopalatais podem envolver lábios, rebordo alveolar e palato ocasionando transtornos estéticos, funcionais e psicossociais. São determinadas no período embrionário da vida intra uterina e apresentam etiologia multifatorial, associando fatores genéticos e ambientais. Os tipos de fissuras são: Fissura Labial Unilateral; Fissura labial bilateral, Fissuras palatinas e fissuras faciais raras.

A reabilitação dos pacientes com fissuras envolve a cirurgia plástica dos lábios, aos 3 meses e do palato por volta de 1 ano de idade, além do enxerto ósseo alveolar secundário realizado entre 9 e 12 anos. A reabilitação exige um protocolo interdisciplinar incluindo a fonoaudiologia, a ortodontia, a cirurgia bucomaxilofacial e a reabilitação oral.

A ortodontia desempenha papel fundamental na equipe interdisciplinar reabilitadora dos pacientes com fissuras, acompanhando e monitorando o crescimento e desenvolvimento craniofacial, assim como corrigindo as más oclusões que se apresentam de maneira complexa nos pacientes fissurados.

A seguir descrevo os problemas ortodônticos do paciente com fissura labiopalatina:

  •  Más posições e anomalias dentárias
  • Defeito ósseo na região anterior no rebordo alveolar
  •  Deficiência Sagital da Maxila
  • Deficiência Transversal do arco dentário superior

O diagnóstico ortodôntico em pacientes com fissuras labiopalatinas utiliza os mesmos recursos utilizados na documentação ortodôntica convencional:

  1.  Análise Facial 
  2.  Cefalometria
  3.  Radiografia Panorâmica e Intrabucais
  4.  Modelos de Estudo

Os modelos apresentam especial valia para o diagnóstico, prognóstico e definição de condutas terapêuticas. Em 1987, Mars e colaboradores, utilizou o índice de avaliação da relação inter arcos em pacientes com fissuras denominado de Goslon. Esse índice classifica os pacientes com fissuras em cinco grupos, de acordo com a gravidade da má oclusão, o prognóstico do crescimento maxilofacial e a consequente desarmonia e deficiência facial:

Índice 1: ausência de mordida cruzada anterior, posterior ou mordida aberta anterior na fissura. Prognóstico excelente. Oclusão e crescimento maxilofacial muito bom. 

Índice 2: Ausência de mordida cruzada anterior. Prognóstico bom para tratamento ortodôntico sem envolvimento de cirurgia.

Índice 3: Apresenta incisivos de Topo ou cruzados e mordida cruzada posterior uni ou bilateral. Prognóstico regular com possível necessidade de cirurgia ortognática.

Índice 4: apresenta mordida cruzada anterior associada a mordida cruzada posterior. O prognóstico é pobre, pois o paciente necessitará de tratamento ortodôntico com vistas à cirurgia ortognática ao término do crescimento.

Índice 5: Apresenta mordida cruzada anterior com trespasse horizontal muito negativo e mordida cruzada posterior. Prognóstico muito ruim. Indicado tratamento orto-cirúrgico ao término do crescimento. 

Os pacientes com índices oclusais 3,4 e 5 apresentam problemas morfológicos e funcionais mais severos e portanto o grau de complexidade e o tempo de tratamento aumentam.


Grau e tipo de comprometimento


1- Inteligibilidade da fala

2- Desfiguramento facial

- Gravidade da deficiência maxilar ou da má oclusão associada ao comprometimento dento esquelético facial

- Avaliação da aparência nasolabial e estética da cicatriz cirúrgica, assim como aspecto de simetria nasal

3- Auto-imagem e auto estima 

A ortodontia e a cirurgia bucomaxilofacial apresentam ação interdisciplinar na reabilitação do paciente com fissuras labiopalatais. O diagnóstico baseia-se na documentação ortodôntica convencional, além do valioso índice oclusal. O protocolo de intervenções deve ser simplificado e consistente, privilegiando as condutas que apresentam impacto significante no resultado final. Deve ser evitada a intervenção muito precoce, pois além de demonstrar pouca estabilidade, tornam o processo reabilitador ainda mais exaustivo para paciente e sua família. O planejamento deve considerar as expectativas particulares do paciente, assim como a individualização nas características morfológicas da face e da oclusão.

Dr Luciano Burrini/ Ortodontista



Comentários

Postagens mais visitadas