Tempo de Tratamento em Ortodontia: O que realmente importa?


A ortodontia passa, como toda ciência, por constantes evoluções tecnológicas que busca aumentar a efetividade da abordagem terapêutica, visando a diminuição do tempo de tratamento, o aumento do conforto para os pacientes e a obtenção da tão almejada, e pouco alcançada, estabilidade em longo prazo. Um dos assuntos mais discutidos dentro da prática clínica ortodôntica é a redução do tempo de tratamento e a estabilidade em longo prazo. Sabemos que o que mais altera o tempo de tratamento é a falta de otimização mecânica na consulta.

Para customizarmos o tempo de tratamento ortodôntico devemos basear em alguns princípios como: 
  1.  Diagnóstico adequado e consistente
  2.  Plano justo, ou seja, o mínimo para o paciente alcançar o máximo de resultado (ortodontia minimalista)
  3.  Seguir o protocolo terapêutico
O profissional de saúde moderno deve se inserir em uma prática clínica contemporânea, baseado em ciência e respeito ao ser humano com eficiência e eficácia, sempre priorizando o diagnóstico e prognóstico consistentes, além de compartilhar conhecimento ao paciente.

Foto: Gisele Versannio

O tempo de tratamento é um importante aspecto de um tratamento ortodôntico efetivo e deveria ser considerado na sua qualificação, pois o tempo estimado como ideais remete ao protocolo terapêutico. Neste contexto, poderia ser considerado de modo genérico que um tratamento longo é ruim e um tratamento curto é bom? Em tese não, pois depende de fatores como faltas frequentes, quebras do aparelho, falta de colaboração do paciente e diversidade na resposta biológica do organismo que podem mudar a responsabilidade pelo tratamento inadequado, mas não alteram sua qualificação conferida pelo tempo de tratamento gasto. 

Os fatores mais relevantes que podem mudar a responsabilidade para o tratamento inadequado são um diagnóstico inadequado, prognóstico irrealista e procedimentos sem qualificação. Portanto, qual o tempo de tratamento estimado bom? O conceito que pode ser extraído da literatura e da prática clínica é que um tratamento ortodôntico efetivo deveria ter duração de 2 anos pela maioria dos autores e 18 meses também é considerado por alguns autores.

Por que reduzir o tempo de tratamento ortodôntico é bom?

  •  Diminui os riscos relacionados a movimentação dentária
  •  Diminui a reconhecida perturbação social
  •  Diminui os custos do tratamento( entender custos de uma maneira mais ampla)
  •  Aumenta a satisfação do paciente

A atual discussão sobre o tempo de tratamento ortodôntico tem a ver com o sistema de braquetes autoligáveis, porém estudos revelam com bases em evidências científicas que:

  • Há evidência que o tempo de cadeira pode ser reduzido
  • Não há evidência de redução do incômodo e dor para o paciente
  • Com o uso de mesmos arcos por um período mais longo, não há evidências de que os dentes sejam alinhados mais rapidamente e ou de modo diferente quando comparado com o sistema convencional.
  • Não há evidências de alta qualidade para suportar que os tratamentos sejam mais rápidos ou que haja vantagens para a oclusão.
  • Não há evidências que o tratamento seja mais estável.

É falso oferecer ao paciente o tratamento com o sistema de braquetes autoligados com base no fato de que ele seja mais rápido, menos doloroso, diminua a necessidade de extrações ou possa gerar melhores resultados. O diagnóstico e prognóstico consistentes e metas terapêuticas customizadas são essenciais na ortodontia contemporânea minimalista.


O que poderíamos fazer para acelerar o tempo de tratamento? 

  •  Diminuir a quantidade de movimento
  •  Acelerar o movimento dentário por meio de mecanismos conhecido como “Aceleradores de movimento dentário” que podem ser 
  1. Não cirúrgicos: Radiação com laser de baixa intensidade; dispositivos vibradores intermitentes( alto custo) e métodos farmacológicos.
  2. Cirúrgicos: Corticotomias (provoca aceleração do movimento de 1 a 3 meses após o procedimento); micro perfurações; Distração dentoalveolar e cirurgias com benefício antecipado (número de intercorrências com benefício antecipado é grande). 

Sob essa perspectiva, a ortodontia busca continuamente formas de melhorar a eficiência do tratamento, na tentativa de reduzir sua duração e o tempo de consultas. Embora a duração média de tratamento esteja entre 1 a 2 ano, o esforço para reduzir esse tempo persiste. Muitas técnicas e aparelhos- incluindo procedimentos cirúrgicos, aumento da individualização de arcos e braquetes, diminuição na indicação de extrações- continuarão sendo propostos, com o expresso objetivo de promover essa evolução.

Dr Luciano Burrini/ Ortodontista



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