Anomalias Dentárias: a influência genética nos distúrbios irruptivos

Foto: M de Mulher
A prática da odontologia de acompanhamento exige do odontopediatra e ortodontista realizar o monitoramento de crescimento e erupção assistidos. Segundo Sheldon Peck, o autor do termo Padrão de Anomalias dentárias associadas, cerca de 15 a 20% dos pacientes apresentam anomalias dentárias com um back ground genético associado. Estudos realizados em famílias mostraram que gêmeos idênticos se um apresentar alguma anomalia dentária o outro tem a chance de 80% de também apresentar anomalias dentárias.

O monitoramento de crescimento e erupção assistidos, idealizado pelos escandinavos, apresenta um protocolo de tratamento individualizado. A intenção desta abordagem é determinar o momento correto para intervenção. O objetivo da intervenção é que o paciente adquira um morfologia que permita rotina fisiológica e que possibilite o seu desenvolvimento próximo à normalidade. Podemos caracterizar distúrbios irruptivos as agenesias; microdontias; atrasos na odontogênese e irrupção ectópica, a qual estão correlacionadas.

Foto: Touch Surgery
As agenesias são geneticamente determinadas. O dente mais comum em apresentar agenesia é o segundo pré molar, cerca de 20% dos pacientes apresentam esse distúrbio irruptivo. Seguido pelo incisivo lateral superior. O diagnóstico definitivo para as agenesias é aos 7 anos de idade. A primeira radiografia panorâmica deve ser realizada entre 6 e 7 anos para checagem de possíveis anomalias. As microdontias, são a expressão incompleta das agenesias, porém os pacientes que apresentam agenesias apresentarão microdontias. O mais comum são incisivos laterais. Quanto mais agenesias maior a tendência de apresentar microdontias generalizadas. 

Nos casos de irrupção ectópica ou dentes retidos os mais comuns são segundo pré molar inferior, canino superior e segundo molar inferior. Transposição dentária também é um caso de ectopia e sempre o canino está envolvido na transposição. Quando a raíz do dente retido está completamente formada não há previsibilidade de erupção espontânea , portanto há a necessidade de tracionamento. O canino superior retido por vestibular, 83% dos casos apresentam deficiência de espaço no arco dentário. O canino superior retido por palatino, 85% dos casos apresentam excesso de espaço no arco dentário.

O prognóstico de irrupção ectópica depende: 
1- Sobreposição com o dente vizinho
2- Altura
3- Angulação
4- Idade (Após 20 anos as chances de anquilose é maior).
E os indicadores de risco de ectopia são:
1- Microdontias de incisivos laterais superiores (34%)
2- Agenesia de Segundo Pré molar
3- Infra-oclusão de molar decíduo
4- Hipoplasia de Esmalte
5- Pacientes Braquifaciais
6- Sexo feminino (mais comum)
Vale a pena ressaltar a possibilidade de acompanhamento e de determinar uma fase onde a intervenção ativa terá mais consistência e facilidade na obtenção de resultados, sempre checando os distúrbios irruptivos e tomando atitudes que possam beneficiar o paciente. Os parâmetros que determinam as ações terapêuticas estão relacionados às discrepâncias exibidas na dentição e nas relações oclusais, analisadas sempre junto ao padrão de crescimento do paciente, o que demanda um longo período de observação. Além de monitorar clinicamente as relações oclusais e impactos do crescimento sobre a face e dentição.

O diagnóstico precoce das anomalias dentárias permite a adoção de condutas terapêuticas preventivas e efetivas . É importante que os pacientes estejam inseridos em um programa de monitoramento de crescimento e erupção assistido para que condutas terapêuticas possam antever possíveis complicações, permitindo realizar um manejo na época adequada, estabelecendo uma meta terapêutica preventiva individualizada e planos de tratamento customizados, proporcionando um potencial de estabilidade. 

Dr Luciano Burrini/Ortodontista


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